Tuesday, August 09, 2005

A espera

Evoco o tempo
E aninho-me num sentir magoado
À espera das horas e dos dias;
A passividade embala-me as memórias
Enquanto o tempo parece parado
Desperto devagar
Sem querer desprender-me
Das paisagens suspensas
E das falésias onde o tempo se perdeu;
E assim passam as horas.
Desta vez o outono chegou sem graça
carregado de folhas secas
Sob uma colina de névoas
Desenhando-se uma ave em sortilégio;
Roseiras cegas, asas sem vento
E silêncio.
Evoco, por isso, o tempo
Construo janelas com tinta nas mãos feridas
E sinto como gela o frio do abandono;

Fico assim, embalada nas memórias
À espera das horas que hão-de vir.

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